terça-feira, 28 de agosto de 2007

Stephen Kanitz: Administradores podem mudar o país

Na última enquete realizada através do site do CRA-RJ (www.cra-rj.org.br), esperançosos, 59% dos administradores afirmaram que, na opinião deles, em termos econômicos, o ano de 2007 será melhor que o ano de 2006, 19% acham que ele será igual ao ano que passou, 14% acreditam que ele será pior e 8% disseram que não têm idéia do que ocorrerá.De acordo com Stephen Kanitz, a maioria dos ad­mii- nis­tradores poderá se decepcionar. Articulista da revista Veja, consultor de empresas e conferencista, mestre em Administração de Empresas pela Harvard University e árbitro da Bovespa na Câmara de Arbitragem do Novo Mercado, ele acredita que nada vai melhorar, pelo contrário, vai é piorar muito. Suas previsões para 2007, publicadas na página 22 da revista Veja, edição 1.992, ano 40, nº 3, de 24 de janeiro de 2007, não são as melhores.Para ele a carga tributária do país aumentará, ultrapassando os 42% do PIB e continuará subindo até 53% em 2010. Os gastos do governo também continuarão a aumentar ano após ano até 2035. As taxas de juro não diminuirão, como muitos prevêem.Em outras palavras Kanitz acha que o Brasil continuará em 2007 sendo muito mal administrado: “Trilhões de reais de dinheiro público serão administrados por pessoas que nunca estudaram Administração, nunca fizeram um MBA, nem sabem o que é regime de competência e regime de caixa. Por isso, serão enganadas, roubadas e ludibriadas por pessoas mais espertas do que elas.”Taxativo, ele diz que, apesar do Brasil ter 1,5 milhão de formados em Administração pública e privada, o governo continua sendo gerido por gente sem a devida formação profissional em Administração, no exercício ilegal da profissão de administrador público: “É fácil identificá-los – diz Kanitz – porque usam a palavra gestão, e não Administração, termo criado por intelectuais franceses, que não são conhecidos por seus dotes administrativos, pelo contrário.” Para o articulista isso é um desperdício e um insulto aos milhares de administradores formados e competentes que o Brasil possui: “Eles só querem uma chance de um dia mudar definitivamente este país.”Crítico ferrenho quando a questão é a má administração pública, ele não deixa por menos quando fala sobre a má administração privada. Criador da publicação Melhores e Maiores da revista Exame, durante 25 anos consecutivos analisou profundamente as mil maiores empresas brasileiras. Quando lhe perguntam como ele classificaria as companhias do país com base nessa experiência, ele responde em mais um artigo publicado na página 18 da edição 1.930 da Veja – ano 38, nº 45, de 9 de novembro de 2005 –, que existem cinco tipos de empresas no Brasil: a empresa do Tipo A, na qual somente o dono se diverte; a empresa do Tipo B, em que somente os filhos do dono se divertem; a empresa do Tipo C, onde ninguém se diverte; a empresa do Tipo D, onde todo mundo se diverte; e, finalmente, a empresa do Tipo G, sendo G de governo.Para Kanitz, as empresas do Tipo A, B e C são as familiares. Na primeira, tudo gira em torno do dono e tudo é feito do jeito dele; na segunda, o dono envelheceu, mas ainda controla tudo com mão-de-ferro, coloca os filhos em cargos no conselho para fazerem absolutamente nada; na terceira, o dono morreu, sem deixar uma equipe de administradores profissionais para salvar a empresa, os filhos brigam entre si, porque de nada entendem.Já a empresa do Tipo D – onde todo mundo se diverte – recebe a seguinte descrição do autor do referido artigo: “Esta empresa é uma associação coletiva de pequenos acionistas, a maioria trabalhadores da própria empresa... São empresas de capital democrático, em que não há ações sem direito a voto... Normalmente, o presidente dessas empresas é um administrador profissional, funcionário demissível a qualquer momento, como todos os outros. Nada de cargos vitalícios como nas dos tipos A, B e C, nem indicações por apadrin­hamento político como nas empresas do Tipo G. O presidente dessas empresas é escolhido pela competência administrativa, e não pelo parentesco familiar ou lote­amento político.”Ainda para Kanitz, como esse administrador que assume a presidência depende da cooperação de todos para manter-se no poder, ele acredita no trabalho em equipe, por isso a opinião geral é ouvida e todo mundo faz parte da solução: “Nestas empresas, o presidente não destrata nem desrespeita os subordinados, jamais berra em público, não é dono da verdade, caso contrário não sobreviveria. São empresas preocupadas com o social, e não somente com o bolso do acionista controlador, que nessas empresas nem existe.”Mais otimista neste artigo, Kanitz acredita que mais empresas Tipo D estão sendo criadas todos os dias e encerra afirmando que: “Um outro mundo é possível, mais democrático, mais bem administrado, mais includente, mais socialmente responsável e muito mais divertido.”

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