Medida vale para cursos de administração e será colocada em prática pelo
conselho federal da área a partir de 2007
Índice será utilizado na autorização e no reconhecimento dos cursos superiores
feito pelo Ministério da Educação FÁBIO TAKAHASHI da Reportagem Local da Folha de São Paulo
O Conselho Federal de Administração irá, a partir de 2007, verificar quantos
formados em cada faculdade de administração conseguem trabalho. Esse índice
de empregabilidade será a base de pareceres em que a entidade pedirá a
manutenção ou o fechamento de cursos.
Desde maio, após um decreto do presidente Lula, os conselhos
profissionais foram autorizados a opinar no momento do reconhecimento e da
renovação dos cursos superiores, procedimento feito pelo Ministério da Educação. Se mal-avaliado, o curso pode ser fechado.
"Um curso em que poucos egressos conseguem emprego deve ter problemas de qualidade", disse à Folha o presidente do CFA, Rui Otávio Bernardes.
Administração é a carreira com o maior número de matrículas no país (concentra 15% do total). "A impressão que o mercado passa é que há problemas de qualidade", afirmou.
A proposta do CFA foi apresentada na terça-feira ao ministro da Educação,
Fernando Haddad. Por meio da assessoria de imprensa, Haddad disse apenas
que aceitou o compromisso feito pelo conselho de ajudar na aplicação da lei.
O CFA será a primeira entidade a exercer o direito de opinar sobre o fechamento
de cursos previsto no decreto presidencial (a OAB atua com lei específica). Para
verificar a empregabilidade dos formandos, o conselho utilizará dois mecanismos.
Um deles são entrevistas aos 10 mil bacharéis de administração que buscam
anualmente o registro nos conselhos regionais -ação necessária para exercer a
profissão.
Além disso, o CFA vai questionar as empresas sobre a procedência acadêmica de seus profissionais e qual a impressão que elas têm sobre a formação deles. As corporações poderão responder pela internet ou por meio impresso.
"Esses conselhos têm um forte viés corporativo, podem querer barrar
autorizações para que não aumente a concorrência no mercado de trabalho",
disse João Cardoso Palma Filho, livre-docente em políticas educacionais pela
Unesp. "Por outro lado, quem avalia hoje não tem visão do mercado, o que
também prejudica."
Membro do Nupes (Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior da USP),
Elizabeth Balbachevsky também vê a possibilidade de corporativismo, mas apóia
o sistema. "O MEC hoje só consegue avaliar se a escola tem biblioteca, sala de
aula. Esse tipo de processo não analisa o aprendizado."
Já os representantes das instituições privadas se mostraram contrários. "É
uma interferência do setor corporativo na educação. Eles têm todo o interesse em
fazer reserva de mercado", afirmou o presidente da Anup (Associação Nacional
das Universidades Particulares), Heitor Pinto Filho.
"E é difícil medir empregabilidade. As opções para um administrador são
amplas", disse o presidente do Semesp (sindicato das instituições de São Paulo),
Hermes Figueiredo.
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