segunda-feira, 9 de abril de 2007

Faculdade vai ser avaliada por total de alunos empregados

Medida vale para cursos de administração e será colocada em prática pelo conselho federal da área a partir de 2007 Índice será utilizado na autorização e no reconhecimento dos cursos superiores feito pelo Ministério da Educação FÁBIO TAKAHASHI da Reportagem Local da Folha de São Paulo
O Conselho Federal de Administração irá, a partir de 2007, verificar quantos formados em cada faculdade de administração conseguem trabalho. Esse índice de empregabilidade será a base de pareceres em que a entidade pedirá a manutenção ou o fechamento de cursos. Desde maio, após um decreto do presidente Lula, os conselhos profissionais foram autorizados a opinar no momento do reconhecimento e da renovação dos cursos superiores, procedimento feito pelo Ministério da Educação. Se mal-avaliado, o curso pode ser fechado. "Um curso em que poucos egressos conseguem emprego deve ter problemas de qualidade", disse à Folha o presidente do CFA, Rui Otávio Bernardes. Administração é a carreira com o maior número de matrículas no país (concentra 15% do total). "A impressão que o mercado passa é que há problemas de qualidade", afirmou. A proposta do CFA foi apresentada na terça-feira ao ministro da Educação, Fernando Haddad. Por meio da assessoria de imprensa, Haddad disse apenas que aceitou o compromisso feito pelo conselho de ajudar na aplicação da lei. O CFA será a primeira entidade a exercer o direito de opinar sobre o fechamento de cursos previsto no decreto presidencial (a OAB atua com lei específica). Para verificar a empregabilidade dos formandos, o conselho utilizará dois mecanismos. Um deles são entrevistas aos 10 mil bacharéis de administração que buscam anualmente o registro nos conselhos regionais -ação necessária para exercer a profissão. Além disso, o CFA vai questionar as empresas sobre a procedência acadêmica de seus profissionais e qual a impressão que elas têm sobre a formação deles. As corporações poderão responder pela internet ou por meio impresso.
"Esses conselhos têm um forte viés corporativo, podem querer barrar autorizações para que não aumente a concorrência no mercado de trabalho", disse João Cardoso Palma Filho, livre-docente em políticas educacionais pela Unesp. "Por outro lado, quem avalia hoje não tem visão do mercado, o que também prejudica." Membro do Nupes (Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior da USP), Elizabeth Balbachevsky também vê a possibilidade de corporativismo, mas apóia o sistema. "O MEC hoje só consegue avaliar se a escola tem biblioteca, sala de aula. Esse tipo de processo não analisa o aprendizado." Já os representantes das instituições privadas se mostraram contrários. "É uma interferência do setor corporativo na educação. Eles têm todo o interesse em fazer reserva de mercado", afirmou o presidente da Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares), Heitor Pinto Filho. "E é difícil medir empregabilidade. As opções para um administrador são amplas", disse o presidente do Semesp (sindicato das instituições de São Paulo), Hermes Figueiredo.

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